RHN 107/2020 | Call
Organisers: Manoela Pedroza (UFF-Niterói, Brasil) and Laurent Herment (EHESS-Paris, France)
Rural History 2021, 23–26 August 2021, Uppsala, Sweden
Call for Sessions deadline: 15 September 2020
***Please find the Portuguese and the French version below***
Call for Papers for a Rural History 2021 Session Proposal:
On the track of cassava: production, commercialisation and consumption from colonial systems to capitalist agrobusiness (America, Asia, Africa and Europe 16-20th centuries)
This session aims to analyse and compare the different chains of production, commercialisation and consumption of the cassava (manihot esculenta) during the last five centuries. This is an attempt to highlight some of the ways that a great part of the world population use to eat, and sometimes survive.
Cassava is native from American tropical plains. There are vestiges of cassava mills from 2.000 years ago between the North of Brazil and Mexico. When European arrive, during the 16th century, cassava was the basic foodstuff of natives (Amerindians) in these regions. From the discovery of Americas by European, the cultivation and consumption of cassava expanded and was part of the Columbian exchange. The cassava flour was an important item for men and women living under the colonial system. Well-suited to the conditions of cultivation, storage and transport, it was incorporated in the day-to-day life of European colonists, slaves, pioneers, missionaries, sailors. Portuguese vessels sent the “war flour” in Europe, in Africa and in Asia. It consumption modified in a persistent way the standard diet and the cultivation technic of European, Asian and African population. In some part of Africa, for example, cassava replaced yam (Dioscorea trifida) as basic foodstuff.
Nowadays it constitutes the basic foodstuff of more than 700 millions of people in no less than 105 countries from Asia, Africa and Latin America, because it provides cheap energy, and this plant does not require rain or fertile soil. In 2016, the most important part of the exportation of cassava came from Nigeria (20 percent of the world production), Thailand (11 %), Indonesia (9%) and Brazil (8%). Nevertheless, with the exception of Thailand, the majority of countries consumes the most of the cassava they produce. Yet, as only 11 % of the production is negotiated in the world market, it could be, in some instance, considered as non-commercial product.
Beyond economical and biological issues, we want to explore the cultural and technical exchanges, which allowed the cultivation and the uses of manioc to spread in a large part of the world. Numerous issues remained unexplored and cases studies are welcome. Among others:
- Is the cassava always the food of poor people in regions where it is cultivated?
- Is it possible to discern variations or transformations in the technics of cultivation distinct of the mode of production of Amerindians?
- Is it possible to quantify quantities of flour of cassava commercialised, or was there partially a non-commercial product irremediably under registered?
- What are the relations between crops of cassava as basic foodstuff and crops for export in the same territory?
- How was the commercialisation of flour of cassava getting along to the end of colonial systems and to the capitalist economic system from the 19th century on?
- How did cassava face the concurrence of other carbohydrate plants as potato, wheat, sugar beet and cane, maize, etc.?
Research about cassava could provide new insights on the food regime of poor and setting up of capitalist agro food chains during the 19th and the 20th centuries.
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No rastro da mandioca: produção, comercialização e consumo da mandioca dos sistemas coloniais ao capitalismo mundial (Américas, Ásia, África e Europa, séculos XVI ao XX)
Esta sessão tem por objetivo analisar e comparar diferentes circuitos de produção, comercialização e consumo da mandioca (manihot esculenta) nos últimos quatro séculos. Perseguindo o rastro da mandioca, tentaremos recompor alguns caminhos que grande parte da humanidade trilhou para alimentar-se a sobreviver em condições difíceis.
A mandioca, indiscutivelmente, foi elemento importante da oikosnomia das populações nativas e camponesas de boa parte do mundo tropical, tanto por fornecer energia à alimentação diária, quanto por não requerer chuvas nem solos férteis. Nas planícies tropicais da América, na faixa entre o Norte-Nordeste brasileiro e o México, seu ambiente de origem, foram encontrados moinhos de mandioca construídos há 2000 anos. Quando da chegada dos europeus, no século XVI, ela era a base da alimentação dos ameríndios em toda essa região. Atualmente, ela constitui o alimento básico para mais de 700 milhões de pessoas em pelo menos 105 países da África, Ásia e América Latina. Os maiores produtores de mandioca em 2016 foram Nigéria (20% da produção mundial), Tailândia (11%), Indonésia (9%) e Brasil (8%). Mas, com exceção da Tailândia, a maioria dos países consome a maior parte da mandioca que produz, por isso, ela é considerada uma "mercadoria não transacionável”, com apenas 11% da produção sendo negociada no mercado global.
O cultivo, o beneficiamento da mandioca em outros produtos (sobretudo a farinha e o polvilho) e seu consumo alargaram-se pelo mundo a partir da descoberta das Américas pelos europeus e do intercâmbio de pessoas e mercadorias criados a partir do século XVI. A farinha de mandioca foi um importante combustível para os homens e mulheres que viveram o sistema colonial, incorporada ao cotidiano dos colonos europeus, dos escravos, dos marinheiros, missionários, bandeirantes, bem adaptada às condições de cultivo, armazenamento e transporte da época. As naus portuguesas levaram a farinha de guerra à Europa, à África e à Ásia. O seu consumo modificou de maneira persistente tanto o padrão alimentar quanto as técnicas de cultivo de europeus, asiáticos e africanos. Na África, por exemplo, a mandioca desbancou o inhame (Dioscorea trifida) como base da alimentação.
Para além de uma mecânica funcionalidade comercial, econômica ou biológica, consideramos que aconteceram relevantes intercâmbios culturais e técnicos, para que o cultivo e consumo da mandioca se espalhasse por grande parte do mundo.
Algumas perguntas permanecem sem resposta, e estudos de caso sobre esses problemas são muito bem-vindos:
a) Nos locais em que passou a ser cultivada, a mandioca foi sempre o “pão-de-pobre”, isto é, esteve restrita à alimentação popular, ou não?
b) É possível discernir variantes e transformações nos sistemas de produção e técnicas de cultivo da mandioca, distintas do modo-de-produção ameríndio original?
c) É possível quantificar a comercialização de farinha de mandioca, ou esse é um objeto irremediavelmente subresgistrado porque fora dos circuitos das mercadorias mais valorizadas?
d) Qual a relação entre as roças de mandioca e a plantation nos territórios em que conviveram?
e) Como a circulação comercial de farinha de mandioca se adaptou ao fim dos impérios coloniais e às novas necessidades do sistema capitalista mundial, a partir do século XIX, sobretudo na competição com outras fontes de carboidratos para alimentação popular, como a batata, o milho e o trigo?
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Sur la piste du manioc: production, commercialisation et consommation de manioc des systèmes coloniaux au capitalisme mondial (Amériques, Ásie, Afrique et Europe, XVIe au XXe siècles)
Cette session vise à analyser et comparer les différents circuits de production, de commercialisation et de consommation du manioc (manihot esculenta) au cours des cinq derniers siècles. En suivant la piste du manioc, nous tenterons de retracer certains chemins qu'une grande partie de l'humanité a empruntés pour se nourrir et survivre. Suivre les traces du manioc nous permettra donc de connaître une facette de l'alimentation des pauvres au sein du système économique mondial depuis l’époque moderne.
Le manioc était sans aucun doute un élément important dans l'oikosnomia des populations indigènes, natives et paysannes dans une grande partie du monde tropical. Il était une source de nourriture quotidienne et n’exigeait pas une pluviométrie abondante ou des sols fertiles. Dans les plaines tropicales de l'Amérique, du nord du Brésil au Mexique, on a découvert des moulins à manioc construits il y a 2,000 ans. Lorsque les Européens sont arrivés, au XVIe siècle, le manioc était la base de la nourriture amérindienne dans de nombreuses régions. C'est actuellement l'aliment de base de plus de 700 millions de personnes dans au moins 105 pays d'Afrique, d'Asie et d'Amérique latine. Les plus grands producteurs de manioc en 2016 étaient le Nigéria (20% de la production mondiale), la Thaïlande (11%), l'Indonésie (9%) et le Brésil (8%). Mais, à l'exception de la Thaïlande, la plupart des pays consomment la majeure partie du manioc qu'ils produisent, c'est pourquoi le manioc est considéré comme un produit non commercial, avec seulement 11% de sa production échangée sur le marché mondial.
La culture, la transformation du manioc en d'autres produits (principalement farine et amidon) et sa consommation se sont répandues dans le monde entier depuis la découverte des Amériques par les Européens et l'échange de personnes et de biens créés depuis le XVIe siècle. La farine de manioc était un une source d’énergie importante pour les hommes et les femmes qui vivaient au sein du système colonial. Elle faisait partie de la vie quotidienne des colons européens, des esclaves, des marins, des missionnaires, des pionniers. Le manioc était bien adapté aux conditions de culture, de stockage et de transport de l'époque. Les navires portugais ont transporté la “farine de guerre” en Europe, en Afrique et en Asie. Leur consommation a changé à la fois le régime alimentaire et les techniques agricoles des Européens, des Asiatiques et des Africains. Dans certaines régions d’Afrique, par exemple, le manioc a supplanté l'igname (Dioscorea trifida) comme aliment de base.
En plus des aspects, physique, commercial, économique ou biologique, nous pensons que des échanges culturels et techniques ont eu lieu pour que la culture et la consommation du manioc se répandent dans une grande partie du monde.
Certaines questions restent sans réponse et les études de cas sur ces problèmes sont bienvenues:
a) Dans les endroits où le manioc a été cultivé, a-t-il uniquement était une nourriture pour les pauvres ?
b) Est-il possible de discerner des variations et des transformations dans les systèmes de production du manioc qui sont différentes du mode de production amérindien?
c) Est-il possible de quantifier la commercialisation de farine de manioc, ou s'agit-il d'un "produit non commercial" irrémédiablement sous-enregistré?
d) Quelle est la relation entre la culture du manioc pour la nourriture et les plantations (cultures commerciales) ?
e) La commercialisation de la farine de manioc a-t-elle évolué avec la fin des empires coloniaux ? Comment s’est-elle adaptée aux besoins nouveaux du système capitaliste mondial, notamment face à la concurrence d'autres sources de glucides pour l'alimentation populaire, comme les pommes de terre, le maïs et le blé ?
The Rural History 2021 Call for Sessions can be found in RHN 61/2020.
Conference Website: https://www.ruralhistory2021.se/